28
Fev 08
Ai, credo, isto anda um frio que não se pode. Frrr. Olhe, cheguei a casa e lembrei-me logo - com a conversa daquela ruiva esqueci-me de trazer a garrafa de azeite. Mas ontem já não tive vagar que eu ando outra vez muito mal desta minha perna direita. Mas sabe de quem é que eu estou a falar,  não sabe? Aquela baixinha, que fala fala fala e não há quem a cale, mulher do que costumava parar muito ali no café mas que agora já não pára muito, sabe?  A esse, a última vez que o vi - eu, porque a minha vizinha costuma vê-lo lá para baixo ou lá onde é que ela trabalha - se não estou em erro, se não estou em erro, ia eu fazer aquelas análises, lembra-se?, que depois tive de repetir porque diz que aquilo não tinha ficado bem e foi para lá uma confusão. Não, espere lá,  minto. Espere lá. Não, nesse dia quem eu encontrei foi o outro senhor que trabalha no hotel, ali no hotel, sabe de quem é que eu lhe estou a falar? Eu até os acho parecidos. Então sabe tão bem, está farta de saber, não sabe você outra coisa. É aquele que vivia na casa por cima daquela senhora do cão. Aquela que parece que tinha família lá para cima - pelo menos era o que ela dizia que eu cá levo a minha vidinha e olhe que já me chega - e que andava sempre a saltar de patroa que aquilo era só visto contado ninguém acredita. Pudera, não há quem a ature. Dê-me lá o azeite que eu hoje estou com muita pressa.
publicado por ag às 20:55
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Passar a usar coentros* para, por exemplo, finalizar um arrozinho é, tenho para mim, um ponto de viragem na vida de uma pessoa.

 

*frescos

publicado por ag às 20:50

26
Fev 08

Deixo-vos isto sem mais, que eu tenho de me ir refazer do choque.

 

"Há um outro tipo, mais comum do que se pensa, que é aquele que foi denunciado pelo irmão, normalmente a uma mesa de jantar. Penso que as pessoas sem irmãos não sabem verdadeiramente o que é viver num permanente estado de perigo de todo o tipo de denúncias, contendo ou não verdade, a que uma pessoa está sujeita durante a infância e adolescência. Do equilíbrio instável que é necessário gerir alternando entre a informação preciosa, a ameaça e a diplomacia. No fundo, acho que os filhos únicos não conhecem o cinismo."

publicado por ag às 22:27

... que não tenho nada contra as pessoas que dizem "eu não tenho a culpa". Basta que também digam "eu não tenho a fome" e "eu não tenho o frio". Era só.
publicado por ag às 22:11

Vou passar a falar em trilogia. A partir de agora todo o meu discurso terá três pontos. O Paulo Portas faz isto há anos e parece gostar. Não esperem de mim três questões para colocar ao senhor primeiro-ministro a propósito da atitude de outro ministro que não o primeiro mas alguma coisa se há-de arranjar.

publicado por ag às 22:05

25
Fev 08

Destaco aqui a entrada e parte do prato principal.

 

A entrada porque já todos pensámos derreter queijo e comê-lo assim, à colherada. Poucos de nós o fizeram efectivamente mas vale bem a pena. O desempate entre o queijo com orégãos e queijo com tomate foi feito por um as pessoas-têm-ideia-que-é-mais-enjoativo-mas-eu-pessoalmente-gosto-mais. E até eu, agora, sem ter provado o outro, posso dizer que, pessoalmente, também gosto mais. Por mim jantava aquilo.

 

A parte do prato principal de que falava não é, mas podia muito bem ser, o bife. Podia ser, não fosse eu uma especialista em acompanhamentos. Uma das poucas pessoas do mundo que pode afirmar, sem rodeios, que o melhor de uma caldeirada, assim para dar um exemplo, são as batatinhas às rodelas, naquele ponto em que a colher de servir não as desfaz mas uma pressão bem aplicada de um garfo as transforma rapidamente em puré, quiséssemos nós. E não queremos, já agora. Então a parte do prato: o acompanhamento - uma generosa batata para comer com colher, assada no forno e com uma noz de manteiga a derreter no prato.

 

Ir para as sobremesas é um crime. Haja fome e ataquem-se as entradas. Mesmo que no fim.

publicado por ag às 22:58

24
Fev 08

Fui ao sapateado (a pessoa diz fui ao ballet, fui à ópera mas não diz, tradicionalmente, fui ao sapateado - vanguardista que sou, aqui fica o meu fui ao sapateado). Ninguém me falou disto a não ser um senhor num anúncio de televisão. Anúncio este tão bom que me fez esquecer a irritação que o anúncio radiofónico me fazia, e ainda faz, agora que penso nisso, sentir.

 

Gostei muito, devo dizer. Imaginei, a priori, que havia de gostar dos momentos em que aquela meia dúzia batesse os pezinhos em uníssono. E gostei. Mas o engraçado da coisa é que tudo parecia espontâneo e improvisado. Assim coisa de rua. Até as roupas que vestiam pareciam tiradas do guarda-roupa deles, escolhida ao acaso para um vou ali à rua e já volto. Engano. Tudo pensado ao detalhe para ser perfeito. Perfeito e muito original. Com bolas de basquete, rebarbadoras, baldes de água e andaimes. E sapateado no tecto.

 

publicado por ag às 21:21
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20
Fev 08

Porque sou uma pessoa que respeita os mais velhos, vou responder à tal da corrente:

 

Assim de repente diria:

 

1. Arreliar - É para mim incompreensível o uso de palavras como chatear, aborrecer, ou mesmo, incomodar quando a palavra arreliar está disponível.

 

2. Procrastinar - Porque foi preciso chegar aos 25 para conhecer esta palavra que tanto me diz (e que, já agora, raras vezes consigo reproduzir em termos sonoros sem lhe acrescentar um r aqui ou ali).

 

3. Bochecha - Substantivo, não. Adjectivo, sim. E riquíssimo.

 

4. Parolo - Nenhum outro insulto retira mais dignidade à pessoa que o profere.

 

5. Brócolo - Assim, no singular.

 

6. Cruel - Pelo som. Até uma criança de 3 anos percebe que dali não vem coisa boa.

 

7. Sapatilha - A prova irrefutável, caso necessidade de provas houvesse, de que sou uma pessoa de forte personalidade. Sete anos, pelo menos, a ouvir correcções, risadinhas e a necessitar de tradutor cada vez que, estoicamente, a ouso dizer.

 

8. Sujeito - Nada é mais hilariante do que ouvir alguém dizer "o sujeito" para se referir alguém. É. Tenho um humor especial.

 

9. Espreguiçadeira - ...

 

10. Psique - Prestasse-se o meu quotidiano a isso, e eu dizia psique o dia todo. Psique, psique, psique, psique.

 

11. Pândega - em simultâneo com pagode.

 

12. Crepúsculo - Cre-pús-cu-lo. Lindo.

 

Cansativo que isto foi. Passo esta coisa à metade lá de casa, à sujeita AB, ao Ressio na Rua da Botesga, à AFC e, claro, à minha antiga companheira de blog, lá para as bandas do hermético.

 

 

publicado por ag às 23:05
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O meu novo blog. Este.

 

(O Hermeticamente Aberto fica muito bem entregue.)

publicado por ag às 22:12

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