27
Mar 08

É com pesar que vos escrevo. Ora eu, assim para contextualizar o leitor, sou uma pessoa do centro, com uma costela do norte, mas norte mesmo norte. E por isso custa-me ver certas e determinadas coisas.  Que coisas? Coisas como o que por estas bandas se faz às alheiras. Aquilo, meus amigos, é um crime. Um crime. Desferem o revestimento com dois golpes e afogam o enchido em óleo como se não houvesse amanhã e fosse necessário gastar de uma vez só e rapidamente toda a gordura existente na cozinha. E não contentes, acompanham com quê? Bem sabe o leitor que, como eu, padece. Batata frita, arroz e um ovo a cavalo.  A despromoção da alheira a bitoque.

 

Onde está a alheira com todas as suas partes integrantes, frita em muito pouco azeite, ou, melhor ainda, grelhada? Onde, pergunto eu? É difícil, sim senhor, que aquilo espirra um bocado. É pouco estético, talvez, que aquilo às vezes rebenta. É chato, pois claro, que assim demora muito mais. Mas é alheira. Com a maiúsculo. E com uma batatinha cozida. E com uns grelinhos para o tira-gosto.

 

publicado por ag às 19:50

23
Mar 08

As crianças são fáceis de enganar. São crédulas. E mesmo eu, uma criança extremamente evoluída e inteligente e culta e sábia para a minha idade, fui na conversa. Durante a minha infância existiu um sinal na rua que implicava "Proibição de transportar crianças ao colo". Só percebi que havia alguma coisa errada quando subitamente esse sinal também implicava "Proibição de comer gelados" ou "Proibição de falar em voz demasiado alta". Demasiado conveniente, este sinal.

 

publicado por ag às 13:27

21
Mar 08
Muito giro isto da Primavera. Tá bem feito. Eu é que já estou servida. Já cumpri os 127 espirros necessários para passar ao próximo nível. Assim que der, era avançar. Venha o Verão.
publicado por ag às 19:49

Sim, porque são os telemóveis a causa disto tudo. Esses poderosos gadgets maquiavélicos que, beneficiando de um excelente ângulo de alcance enquanto pousados em cima da carteira da sala de aula, enviam as suas ondas aos indefesos alunos que se tornam, por escassos momentos, pequenas marionetes, meros joguetes indefesos nas mãos dessa força maior - o telemóvel.

 

Porque isto, a causa disto, não são os meninos, coitadinhos, que andam nas escolas. Nem os paizinhos, coitadinhos, dos meninos, coitadinhos, que andam nas escolas. Não, a causa disto são os telemóveis. E há que acabar com os telemóveis. Para o bem dos meninos, coitadinhos, que andam nas escolas. Não fossem os telemóveis e, bem se vê, nada disto acontecia. A mim, nunca me enganaram.

publicado por ag às 12:59

18
Mar 08

E isto condicionou toda a minha existência. Eu era sempre a segunda no Monopólio (se bem que a competição a tão alto nível me permitia ganhar com qualquer espécime da minha idade), era derrotada com uma facilidade insultuosa no braço de ferro (aqui há a diferença de género a não ajudar) e estava sujeita a todo o tipo de chantagem psicológica que, inevitavelmente, se traduzia em sucesso para o prevaricador. E que ganhei eu com isto? Além de um poder de argumentação estonteante, do sarcasmo como nome do meio, de uma elasticidade nunca vista em ambas as mãos devido às constantes confusões entre as minhas mãos ainda em desenvolvimento e plasticina, eu ganhei uma revigorante auto-estima. Bulletproof.

 

E olhando para tanto ano de vivência comum, traduz-se tudo em duas tiras do Calvin: uma, em que o pai lhe explica que ele foi comprado num sítio qualquer sob a promessa de ser quase tão bom e muito mais barato; e outra em que o Calvin avança a medo pela casa, espreitando na esquina, não fosse o Hobbes ter preparado alguma - nenhum outro miúdo da minha idade tem esta preocupação. Ele tinha. E eu também.

 

 

publicado por ag às 19:18

Continua, mas ao contrário. Em vez da temática dizer-o-mesmo-só-que-em-mais-tempo, aborda-se agora o não menos interessante dizer-o-mesmo-em-muito-menos-tempo. E como? Introduzindo uma tradição da língua inglesa que em Portugal não foi além do sff. E porquê? Eu não sei e, temo bem, ninguém saberá. Como pontapé de saída, o melhor seria começar pelas siglas já estudadas e testadas (como o asap, que ficaria tão bem traduzido com um lqp). E daqui partir para a inovação,essa chave do sucesso. Em vez de um vamos comer pizza outra vez ou vamos ao caldo verde, para variar um bocadinho?, ouvir-se-ia apenas um singelo vcpovovaclpvub. E era tudo mais simples.  
publicado por ag às 18:50

17
Mar 08

Por várias razões. Uma delas é haver pessoas que escrevem artigos de opinião para nos explicarem certas coisas:

 

"Políticas mais consensuais podem representar melhor e ser melhor aceites por uma parte maior da população"

 

Pedro Magalhães, Público

 

Ninguém diria. Pelo menos assim de repente.

publicado por ag às 22:00

A estratégia de passar a chegar 10 minutos mais cedo resultou na perfeição. Hoje, em vez de um cumprimento fortuito entre a sua chegada e a saída dela, podia permanecer ali de pé, ao balcão, a escassos centímetros. Um café forte, que eu hoje tenho muito que fazer - disse. Tinha ensaiado mais um par de frases antes de entrar mas a proximidade não o deixou desenvolver e a parte da chávena escaldada, que o café quer-se quente, teve de ficar para a próxima. Reparou então que ela ainda não tinha pedido e que lhe tinha passado à frente.
Foi bom porque até me dava um ar atarefado, de quem não podia esperar - um business man, como eu costumo dizer
E reparou ainda na hesitação dela sobre o que pedir.
A minha presença, era a minha presença
No one no one no one
Can get in the way of what I'm feeling
No onEstou?
Daqui a 10 minutos, estou a acabar o café.
Estou a ir para aí.
E desligou. Isto não tinha planeado mas resultou, também, na perfeição. Ela olhou timidamente na sua direcção.
Ficou impressionada. Via-me ali mas não sabia que eu era um homem de responsabilidades.
Esperava agora que ela acabasse para saírem ao mesmo tempo. E seria só o início.
Àquela hora estava sempre sozinha no café mas logo hoje, que se tinha enchido de coragem
Tinha de lhe dizer naquele dia
entrou aquele homem com que esbarrava à saída ia para mais de uma semana. Ele disse qualquer coisa que incluía a palavra café
naquele tom irritante com que me dizia bom dia, como está, sem me conhecer de parte nenhuma
e corou desmesuradamente. Com os planos cortados acabou por pedir o pequeno-almoço, da maneira que sempre fazia – com delonga.
Já que nada mais lhe conseguia dizer, demorava-me na conversa com as indecisões sobre a minha refeição matinal.
O homem do lado atendeu o telemóvel e os escassos segundos em que esteve de novo a sós com o empregado do café foram suficientes para ela articular um hesitante podíamos ir ao cinema, um destes dias. Mas antes da resposta, o homem desligou e ela lançou-lhe um olhar nervoso, numa tentativa de demarcação de território. Comia agora muito devagar, na esperança de ter motivos para ali ficar até estarem de novo a sós. Quando o homem saísse, ouviria a resposta. E seria só o início.
publicado por ag às 21:51
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- Boa tarde. Olhe, reparei que a minha mensalidade no ginásio não desceu. Achei estranho.

- Pois. É a política do ginásio.

- Não estou a perceber.

- Espere só um bocadinho que eu vou passar a alguém que lhe consegue explicar.

 

...

 

- Boa tarde.

- Gostava de saber porque é que o IVA desceu de 21 para 5% e a minha mensalidade está na mesma.

- Mas não é isso que importa. Se nos pedir a factura verá que o IVA já não é 21% mas sim 5%. Tudo conforme.

- Então a minha mensalidade está maior, líquida de imposto.

- Sim.

- Então o IVA desceu mas o benefício ficou para o ginásio.

- Sim.

- E é só isso que tem para me dizer?

- Pois, está tudo de acordo com a lei. E além disso nós não aumentávamos os preços há dois anos e houve inflação e isso.

 

...

publicado por ag às 21:30
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15
Mar 08

 

 

 

 

(e não é que está quase?!)

publicado por ag às 18:01
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