30
Abr 08

Acabei há uns dias de ler O Processo. Li-o de rompante, mas em duas fases (uma delas no estrangeiro, só para perceberem o nível desta pessoa que vos escreve). E ao ler pensei, en passant, se devia ou não ler aquilo, porque diz que o Sr. Franz deixou em testamento que não queria a sua publicação. O Sr. Max, seu amigo, em vez de seguir as instruções, resolveu publicar. Diz ele que, no fundo, era isso que o Sr. Franz queria. Não sei se era ou se não era e também agora já não me interessa muito. Li, está lido.

 

Mas isto levanta uma questão importante. Porque é que se acha que as pessoas dizem uma coisa mas querem outra? Tenho para mim que a culpa destes mal-entendidos é apenas e só dos Srs. Fiz-isto-e-acho-que-está-muito-bom-mas-vou-dizer-que-não-está-para-ver-se-insistem-comigo-e-se-me-dizem-o-quão-bom-eu-sou-e-depois-vou-dizer-oh-sou-lá-agora-bom-para-ver-se-insistem-mais-um-bocadinho-e-para-parecer-que-tudo-isto-foi-contra-a-minha-vontade, que, no fundo, também se chamam Srs. Não-obrigada-não-vale-a-pena-não-te-vais-estar-agora-a-incomodar-não-a-sério-estou-te-a-dizer-que-não-é-preciso-mas-não-te-faz-mesmo-diferença?-não-não-quero-então-mas-tens-a-certeza-que-não-vai-causar-transtorno?. São duas faces da mesma moeda, estes dois senhores. Os dois olhos da mesma cara, para usar uma metáfora mais original, ainda que menos conseguida. São eles que fazem os outros perder tempo em conversas inúteis e enfadonhas e que levam a que os interlocutores que por aí andam não acreditem que quando se diz não, não é preciso, é mesmo isso que se quer dizer. Não, não é preciso não é um convite para a insistência até à presumível e inevitável inversão de resposta.

 

Resolvia-se isto se a primeira resposta de cada um fosse vinculativa. Ia ser bem giro e poupava-nos a todos.

publicado por ag às 12:41

29
Abr 08

Os adivinhos sempre tiveram grande projecção social. Chamem-se eles como se chamarem, forem eles de onde forem. Por exemplo, chamem-se UBS e sejam Suíços. Adivi, perdão, previram, com base num modelo sofisticadíssimo que habitualmente usam para o seu métier (favor notar o detalhe do itálico) mas que de dois em dois anos aplicam ao futebol, que era a Itália a campeã do mundo de 2006 e - uuh - acertaram. Eles e uma boa parte da população futebolística que, no meio de duas bejecas, depois de um dia de trabalho e esperando mais um pires de tremoço, porque os caracóis ainda demoram pelo menos uns 10 minutos, a não ser que queiram comer isto assim e não me chateiam mais, apostariam dinheiro, caso disso fosse, nesse mesmíssimo desfecho.

 

Senão, vejamos.

 

18 mundias. Destes 4 foram ganhos pela Itália, feito apenas superado pelo Brasil com 5 mundiais levados para casa. O palpi, perdão, a previsão da UBS vai para... a Itália. Numa final com... o Brasil. Audaciosos, estes suíços. Tivessem eles previsto que a Grécia nos ganhava aquela final e, meus amigos, estava aqui sossegadinha e ia antes comer qualquer coisinha que confesso que já estou com uma certa fome. Mas isso não previram eles. Causalidade, dizem eles, os suíços. Causalidade, dizemos nós, os portugas.

 

Depois, e mais importante, vamos lá olhar para o resto das previsões desse mesmo mundial dos senhores da UBS. E assim para isto não ser uma canseira, olhemos mesmo só para as meias finais. Sugest, perdão, previsões da UBS: Argentina-Itália, ganha a Itália; Holanda-Brasil, ganha o Brasil. No mundo real: Alemanha-Itália, ganhou a Itália, Portugal-França, ganhou - ehre - a França.

 

E, por cima disto tudo, dizem eles que neste Europeu não vamos passar da fase de grupos. Não quero deitar abaixo, que eu acho muito giro isto das pessoas diversificarem, mas diria que há qualquer coisa que não está bem naquele modelo. Se calhar é só um sinal trocado, não sei.

publicado por ag às 00:01

28
Abr 08
Afinal não são só as mulheres. Os padres também têm problemas de orientação. Este, só quando se viu perdido no meio do mar, tentando bater um recorde qualquer que envolvia ficar pendurado em balões, é que resolveu perguntar como é que se usava aquela coisa chamada GPS.
publicado por ag às 12:03

26
Abr 08

Eu podia alterar a data aqui deste post mas isso tinha tanto de conveniente como de falta de verdade, e este é um blog que não se presta a esse tipo de minudências. Além disso tinha de alterar o título e assim está muito jeitosinho. Adiante. Ou Avante, se preferirem.

 

E isto tudo para quê? Para anunciar que eu sou uma pessoa com bastante autoridade no que às canções de intervenção diz respeito. Todas as minha refeições caseiras até sair de casa dos meus pais incluiam música, e quando para aí se estava virado (e estava-se bastante), música de intervenção. Exemplefiquemos o que é que a expressão bastante autoridade encerra: digam-me assim 10 músicas dentro deste género que vos ocorram, eu conhecerei 9. E conhecerei a bem conhecer, leia-se, consigo trautear o refrão e mais uma ou outra estrofe. Sou uma autoridade, portanto.

 

E deste meu vasto conhecimento o que é que eu quero transmitir? Que não há música de intervenção mais bonita que a Trova do Vento que Passa. Raios me partam se o poema do Manuel Alegre não é lindíssimo, em particular estas quatro estrofes:

 

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

__

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

__

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

 __

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.

publicado por ag às 19:49

25
Abr 08

Uma boa caracterização é um bom início. Não é tudo, mas é qualquer coisa. E que bela caracterização a do Samuel (em linha com o que foi dito por aqui, perdi ainda uns minutos a procurar por Morgan Freeman no imdb). E depois a história é linda, repleta de ternura a cada cena. Muito bonitinho este filme. Chama-se O Renascer do Campeão - título mais piroso era impossível, bem sei.

 

 

 

publicado por ag às 22:55

22
Abr 08

Passei o dia num estado de alergia agudo e a razão só pode ser uma: ontem estive a ver o Prós e Contras. E, há que dizê-lo, nunca vi um programa tão mal orientado como o de ontem. A Sra. Apresentadora/Moderadora desdobrou-se em comentários ocos e provocações baratas e demagógicas, procurando arrancar uma gargalhada cúmplice à audiência para, depois, a Sra. Apresentadora/Moderadora rir também, de tão engraçada e oportuna que é. Tenho de deixar de ver aquilo. Só me faz é mal e eu tenho de me poupar.

publicado por ag às 18:07

19
Abr 08

Agora que ando a fingir perante o mundo que ando (a repetição do verbo andar é propositada e não encerra em si mesma nenhuma desconsideração pelo prezado leitor) a aprender a jogar ténis achei que era boa altura para ver jogar ténis com olhos de ver. Em vez de me prender na roupa que trazem ou nos barulhos que emitem, ver, de facto, o que é que estão para ali a fazer.

 

E qual é a grande vantagem que descobri neste desporto que alguns reduzem a uma peça de calçado? É que consigo ver por ver. Pelo bom jogo, independentemente dos intervenientes (ou da sua nacionalidade). E porque é que tudo isto vem à baila? Porque no futebol isto não se passa. Se não for o Benfica (que sei que jogou na quarta mas não sei como ficou o resultado porque não tive oportunidade de ver derivado de me encontrar no estrangeiro) ou a selecção, não me dá assim para ver. Acho um bocado seca. Mesmo que seja um Manchester - Milan. Tenho de ter para onde torcer (a minha mãe resolve isto facilmente porque, apesar de ver todo e qualquer jogo de futebol, arranja sempre por quem torcer, podendo, assim, ver bons jogos de futebol). No que respeita ao ténis, para já, vejo tudo o que passar na televisão. Com o contentamentoque só nós, os principiantes, conseguimos ter.

 

Nota: Não me venham fazer conversa sobre ténis que eu não tenho absolutamente nada inteligente a dizer. O meu estádio de desenvolvimento ainda me permite interromper várias vezes o visionamento com perguntas face às regras de pontuação que, além de enfadonhas, são repetidas.

publicado por ag às 23:10
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12
Abr 08

«A esquerda não tem gosto, nem sequer para escolher mulheres. As nossas candidatas são as mais bonitas do Parlamento, não há comparação»

 

Silvio Berlusconi

publicado por ag às 16:51

A Câmara Municipal de Oeiras abriga-o

 

em tudo o que é paragem de autocarro (abrigada, claro)

publicado por ag às 16:42
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06
Abr 08

Não fosse ter alguém a esclarecer-me e nem tinha visto o filme*. Mas vi. E é girinho, vá. Assim se me pedissem para destacar um diálogo, era este:

 

Emily Thomas: What do you have, an art gallery over here? What is this "2"?
[looking number two tattooed on Jake's shoulder]
Jake Fischer: It's so the guy behind me knows what place he's coming in.

 

Mas como não pediram, acho que vou ficar por aqui.

 

 

*- O que é que está a dar?

- O Guardião

- Chii, isso é bué antigo...

- Não, até é recente.

- Não é nada. Então não é aquele com o Kevin Costner?

- É. Mas não é o que tu pensas. Este é O Guardião.

- Pois. Eu sei qual é. Até entra também aquela...

- Não. É o Guardião.

- Espera, entra aquela que canta. Como é que ela se chama?

- Este filme chama-se O Guardião, não se chama O Guarda-Costas.

- Hum... É parecido.

- ...

- Olha, falam do Katrina. Afinal é recente.

- Pois. É O Guardião.

publicado por ag às 13:16

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